terça-feira, 23 de abril de 2013

Un café mademoiselle s'il vous plaît



Com a mesma senhorita pura, que coadjuvou nossa aventura passada, assim começa esta nova e emocionante jornada. Sim, senhoras, senhores e mancebos, naquele mesmo fatídico dia expedicionário buscando uma Stout em terras "tupPEQUIniquins" me encontrei pela primeira vez com nossa donzela Porter. Mais uma imaculada filha da Colorado, dedicada por efeito de batismo ao Senhor Alberto Santos Dumont, cientista inventor e de família cafezeira. A Colorado Demoiselle é sim graciosa, mas deliciosamente ousada.
Antes de lhe despir da garrafa, vale sempre ressaltar a primorosa beleza das vestes das Colorado. O rótulo é magnifico, nada menos.
Abrindo a garrafa logo sobe ao olfato a primeira impressão de café. Servida, mostrou boa formação de espuma e bem duradoura. Aparentemente levemente menos licorosa (menos densa) que a “parente” stout, mas muito parecidas para se olhar. Particularmente, notei pouca ou nenhuma diferença, exceto a densidade mencionada (mas também posso estar redondamente enganado).
No copo, além da já duas vezes mencionada densidade, surpreende a opacidade completa mesmo contra a luz. É cor de café, com um marrom bem escuro, quase negro. Para eu que amo as cervejas escuras é uma delícia de olhar servida.
Olfativamente nada é mais óbvio que uma cerveja que leva café na preparação tenha aroma primordial do mesmo e é de uma elegância tamanha, que sequer se tem tempo para cogitar essa mistura como estranha. Café definitivamente combina com cerveja! Do lúpulo só consegui timidamente a refrescância. Chocolate? Pouco de maltes, até porque a torrefação se mistura ao café e lá se vai... Uma impressão sensorial a menos.
Inicialmente o café, que continua até o aftertaste do gole e até o derradeiro gole. Entrando na boca revela um adocicado na medida que logo da lugar à secura e amargor equilibrado e persistente, a carbonatação faz-se notar na língua e ajuda na sensação de leveza do todo. 
Altamente recomendada! Uma delícia de cerveja, pra sempre ter na geladeira e apresentar para o(a) amigo(a) incrédulo(a) quando você disser que tem uma cerveja de café.

Un café mademoiselle s'il vous plaît.




Um brinde! Saúde e que a Força esteja com você!


Ficha Técnica:

De onde? Brasil
Nome? Colorado Demoiselle
Estilo? Porter
% Álcool? 6,0% vol
Copo? Tulipa ou Caldereta (copo da cervejaria)


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Aviso: Todas as opiniões presente nesta publicação são pessoais, banais e intransferíveis. O conteúdo das mesmas não deve ser levado totalmente a sério e tampouco servir de fonte fidedigna para degustações, resenhas, discursos, lições de moral, publicações científicas ou trabalhos da 5ª série. O autor não é sommelier, nem tem formação específica em cervejas e sinceramente não dá a mínima para o que você fizer usando o conhecimento aqui conseguido.

* Todo o texto foi escrito enquanto o autor estava sóbrio.
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Mataria por uma CervejaMataria por uma Cerveja












                                                  

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Só pra não contrariar São Patrício





    

Outro dia, 15 de março para ser mais exato e dois dias depois de inaugurar o Mataria por uma Cerveja, estava ávido por comemorar o St. Patrick’s Day saí em busca de uma irish stout. Fui aos locais de costume com a Murphy’s e a Guinness no pensamento. Nunca cheguei a comprá-las, mas já as havia visto em algum lugar então achei que iria encontrar fácil. Um dos enganos do meu dia 15... Não estavam em lugar algum. Seria porque os goianienses subtamente se interessaram por stouts para comemorar o dia do nosso Patrício? Conjecturas a parte, continuei a vida.
Numa das paradas da andança, numa loja mais especializada, pedi uma stout. Não a tinham e disseram que venderam todas na última semana. Olhem só! Para não sair de mãos abanando, nem contrariar São Patrício, nem desprezar a belíssima Demoiselle, considerei os laços de parentesco e pedi a irmã (ou mãe) porter. E nessa de diferenciar uma da outra encontrei uma citação bem esclarecedora no Mulheres e Cerveja: “[...] diria que a Stout é a costela da Porter como Eva era a costela de Adão: uma é teoricamente mais forte que a outra, mas no fundo as duas são feitas do mesmo barro e são igualmente complexas.”
De posse da cafeinisticamente temperada, Colorado Demoiselle, fui (feliz) pra casa. O dia 15 acabou, veio e foi o 16, de repente 17. “Feliz dia de São Patrício! Vamos comemorar!” Como todos sabem, uma boa comemoração requer comida, então saí contarolante ao supermercado mais próximo. Já de posse da boa comida, fui dar uma investigada no corredor de bebidas e lá estava ela: Baden Baden Stout. Sim pessoas mui consideradas, uma Stout nestes dias de prateleiras magras. Comprei-a, claro. Como não fazê-lo pelo módico preço a que era oferecida.
Botei-a pra gelar. Vesti meu fato verde. Preparei a comida. Esqueci de comprar um chocolate. Peguei o abridor e num rito secreto revelado diretamente a mim pelo próprio São Patrício durante uma das minhas devotadas preces, abri-a. Bonita. Servindo, já fui percebendo a densidade do liquido. Um creme marrom cor de chocolate (ao leite), abundante e bem duradouro. A cor e bem escura (marrom-preto-cor-de-café) e de transparência zero no copo. Os aromas... torrefação de malte, café, caramelo e um frescor interessante. Na boca aveludada e licorosa, os sabores correspondente aos cheiros e mais alguns como ameixa seca, malte tostado, um quê de picante (loucura minha?), amargor presente e não muito durador e que vai deixando um suave adocicado no final. Segundo meu paladar atual, médio corpo, mas estou certo que algumas cervejas mais encorpadas rebaixariam esta a baixo corpo. Boa carbonatação e uma ótima drinkability (eu particularmente tomaria mais umas duas, hehehe).
E pra encerrar, minha namorada garantiu que deixa o hálito excelente!


Um brinde a São Patrício! Saúde e que a Força esteja com você!



Ficha Técnica:

De onde? Brasil
Nome? Baden Baden Stout
Estilo? Foreign Extra Stout (Dry Stout)
% Álcool? 7,5% vol
Copo? Pint



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Aviso: Todas as opiniões presente nesta publicação são pessoais, banais e intransferíveis. O conteúdo das mesmas não deve ser levado totalmente a sério e tampouco servir de fonte fidedigna para degustações, resenhas, discursos, lições de moral, publicações científicas ou trabalhos da 5ª série. O autor não é sommelier, nem tem formação específica em cervejas e sinceramente não dá a mínima para o que você fizer usando o conhecimento aqui conseguido.

* Todo o texto foi escrito enquanto o autor estava sóbrio.
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Mataria por uma Cerveja
Mataria por uma Cerveja                                                 

terça-feira, 26 de março de 2013

Colorado, mas não o Chapolim




         



Não me vem a mente o dia exato que tomei pela primeira vez a Colorado Indica e quando definitivamente pensei que cervejas seriam algo mais e que mereciam ser degustadas. Como ainda é difícil viajar no tempo, optei por recriar aquele momento e num grande sacrifício da alma, fui comprar outra. Ah, como sofro! E assim foi:
Se você é fã das “pilsen” do Brasil, nem tente imaginar do que estou falando. Não há uma comparação gustativa possível. O que normalmente tomamos nos botecos da vida é o que eu gosto carinhosamente de chamar de refresco ou refrigerante de cerveja. Não me entendam mal, é refrescante, mas nada mais que isso.
E finalmente, antes de continuar, vou tentar desfazer um pequeno mito do mundo que diz que quem gosta de cervejas mais fortes já se acostumou com elas ou já está com o paladar mais treinado, etc. Se isso for verdade para uns, para mim não. Gostei no ato! Fiquei surpreso e com lágrimas nos olhos de emoção... Não, não tiveram lágrimas, mas teve emoção.
A Colorado Indica é uma cerveja de cor âmbar (que eu particularmente descrevo como amarelo avermelhado, com um tom de marrom e uma pitadinha de opacidade ou turbidez). A espuma se mostrou abundante sem exagerar - durou tempo suficiente para eu terminar o copo - de coloração branca-creme-levemente-marrom.
Até aqui nada de surpreendente, minto, já há muito de surpreendente, mas o que surpreende mesmo já dá pra sentir desde o momento em que a garrafa é aberta: o(s) aroma(s). Sem saber do que se trata (eu descobri depois), você vai perceber um cheiro maravilhoso que lembra flores, relva e da rapadura que entra na composição. Bam! Uma porrada inebriante de lúpulo na cara, para o meu paladar e olfatos destreinados. Uma delícia, diga-se de passagem.
O sabor é uma overdose de maravilhas a parte. Não tenho habilidades sensitivas de diferenciar muita coisa ainda, mas não tem como não notar e conhecer o sabor do lúpulo que é o diferencial da coisa toda. O amargo é bem persistente e a “secura” da bebida ajuda a intensificá-lo. Acho, e apenas acho, que senti um leve toque de malte tostado (Espero estar indo no caminho certo). E a rapadura, deixa aquele toque de... rapadura! Mas sem doce, lembre-se.
Para não cansar vossos cérebros twittosféricos encerro com a máxima: É uma cerveja didática (como as outras cervejas Colorado). Além de simplesmente uma delícia dá pra aprender um bocado sobre lúpulo e sobre cerveja de forma geral. Adoro e "Indico".
E se você, como eu, está se aventurando por este mundo degustativo lembre sempre de ler uma opinião de sommelière antes de provar uma cerveja nova. Isso vai ajudar muito a procurar a coisa certa, na hora certa e no lugar certo.

Um brinde! Saúde e que a Força esteja com você!



Ficha Técnica:

De onde? Brasileiríssima
Nome? Colora Indica
Estilo? IPA (Indian Pale Ale)
% Álcool? 7% vol
Copo? Cheio, por favor. Brinks... Caldereta

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Aviso: Todas as opiniões presente nesta publicação são pessoais, banais e intransferíveis. O conteúdo das mesmas não deve ser levado totalmente a sério e tampouco servir de fonte fidedigna para degustações, resenhas, discursos, lições de moral, publicações científicas ou trabalhos da 5ª série. O autor não é sommelier, nem tem formação específica em cervejas e sinceramente não dá a mínima para o que você fizer usando o conhecimento aqui conseguido.

* Todo o texto foi escrito enquanto o autor estava sóbrio.
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Mataria por uma Cerveja
Mataria por uma Cerveja                                                   

domingo, 17 de março de 2013

No início o homem criou a cerveja e o brinde. E ele viu que era bom.








Tudo começou quando eu tinha 23 anos. Em virtude do calor infernal de Goiânia (apenas), tomei “per la prima volta” uma cerveja. De cara ninguém gosta de cerveja, mas como quem persiste sempre alcança, aqui estamos. Não foi uma cerveja nada especial, apenas uma dessas stardard american lager, que desce fazendo revoluções circulares pela garganta, ou como eu carinhosamente gosto de chamar, um destes nossos famosíssimos refrigerantes de cerveja.
Bem agora, me dei conta que se passaram apenas 7 anos! E foi só há, mais ou menos, um ano atrás que percebi que cerveja poderia ser algo mais... Andando por um supermercado da vida, ganhei de presente de mim mesmo uma Colorado Indica. A princípio o que motivou a compra foi a beleza do rótulo e o único pensamento foi “deve ser só uma cerveja de granfino com rótulo bonito”.
Todos se enganam e eu muito mais que alguns. Quando abri a Colorado percebi que algo estava definitivamente errado no mundo das cervejas, mas errado de um jeito muito certo se é que me entendem. O aroma daquela cerveja, a cor, o sabor... Delicia e diversão. E neste momento o pensamento foi outro “então isso é uma cerveja!?”. Um tempo depois, no meu aniversário, chegou-me o amigo Danilo com um presente trazido diretamente dos monges trapistas holandeses, que por serem servos diretos dO Senhor foram agraciados com a capacidade de produzirem diversas e inesquecíveis delícias. Uma La Trappe Quadrupel cujo sabor ainda sinto nos meus pensamentos...
Pois bem, ao longo deste ano eu experimentei cervejas alemãs, belgas, tchecas, brasileiras, holandesas, espanholas, argentinas e etc. Um sem número de sabores, cores, aromas e prazeres. Mesmo informalmente e descompromissadamente e sem formação, degustar uma “cerveja especial” é algo que proporciona satisfação imensa.
Pouco importam de onde são os maltes e se são tostados ou não, se são blends de lugares especiais ou não, ou se os lúpulos são mais isso ou aquilo. No final o que importa é se a cerveja agradou você ou não. Em contrapartida, multiplicar este prazer requer tão somente que se busque um pouco de conhecimento. Com atenção e esmero, treinar o paladar e o olfato para toda a riqueza engarrafada, aumenta muito o valor final que aquela cerveja tem pra você.
Ler (e assistir) as descrições detalhadas e deliciosas dos sommeliers, “muda da água pra cerveja” sua percepção sobre a bebida. Em pouco tempo e poucas degustações mais tarde você terá se rendido à um novo mundo onde vai importar mais “o que você bebe” do que “quanto você bebe”. No mundo das cervejas especiais fala-se muito em Beber menos, beber melhor. Isso pode não fazer muito sentido a primeira vista, mas uma vez nesta nova realidade você se dará conta que será seu novo mantra de “bebedor”. Trocar uma caixa de uma cerveja qualquer por uma garrafa de uma cerveja excelente vale muito a pena.
O que antes eu fazia por diversão, tentarei catalogar e registrar. Espero que isto ajude a apurar minha percepção, refrescar minha memória e compartilhar com um leitor que por aqui esbarre a diversidade e grandeza deste mundo. É um hobby que quero um dia, porque não, tornar profissão.
Não me responsabilizo se VOCÊ por acaso entrar por estas terras especiais e não conseguir sair. Antes de continuar você pode fechar esta janela e seguir sua vida, mas se quiser minha humilde opinião, fique e aproveite.


Um brinde! Saúde e que a Força esteja com você!



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Aviso: Todas as opiniões presente nesta publicação são pessoais, banais e intransferíveis. O conteúdo das mesmas não deve ser levado totalmente a sério e tampouco servir de fonte fidedigna para degustações, resenhas, discursos, lições de moral, publicações científicas ou trabalhos da 5ª série. O autor não é sommelier, nem tem formação específica em cervejas e sinceramente não dá a mínima para o que você fizer usando o conhecimento aqui conseguido.

* Todo o texto foi escrito enquanto o autor estava sóbrio.
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Mataria por uma Cerveja                            Mataria por uma Cerveja